Em processo de fritura, Joel aguarda anúncio de Zinho sobre demissão processo de fritura, Joel aguarda anúncio de Zinho sobre demissão
No balanço do cai não cai, Joel Santana virou protagonista de mais um causo do Flamengo. O técnico vive dias de tensão, pressão e indefinição desde a derrota por 2 a 0 para o Grêmio, no último domingo, em Porto Alegre. Mas lá estava ele em campo no comando do treino em tempo integral desta quarta-feira. Sorridente em vários momentos e cobrando empenho dos jogadores nos exercícios de fundamentos e na atividade tática.
Nos bastidores, porém, a novela da demissão – ou não – do treinador tem agitado o Rubro-Negro, gerado situações inusitadas, interrogações e causos que poderiam pintar uma tela de surrealismo rubro-negro. Nesta quarta, a possível queda de Joel movimentou diversos setores do clube, de Vargem Grande à Gávea. Com a presidente Patricia Amorim licenciada do cargo, o vice Hélio Paulo Ferraz estava na sede quando o telefone começou a tocar a partir do início da tarde. Do outro lado da linha, vozes diferentes, mas com a mesma pergunta: “Joel caiu?”. Ressabiado, Helinho, que não tinha o telefone de Zinho gravado em seu celular, conseguiu o número do dirigente, ligou e ouviu do diretor que ele, Zinho, não demitira Joel:
- Ligaram e perguntaram se Joel caiu. Aqui, não; liguei para o Zinho, não caiu lá também – chegou a dizer Helinho, enquanto se dividia entre outros assuntos do clube e o jogo entre Portugal e Espanha válido pela semifinal da Eurocopa. O dirigente torcia para os portugueses, derrotados nos pênaltis.
- Ligaram e perguntaram se Joel caiu. Aqui, não; liguei para o Zinho, não caiu lá também – chegou a dizer Helinho, enquanto se dividia entre outros assuntos do clube e o jogo entre Portugal e Espanha válido pela semifinal da Eurocopa. O dirigente torcia para os portugueses, derrotados nos pênaltis.
Mesmo licenciada, Patricia Amorim monitorava o desenrolar de toda história, mas sem tomar partido. Qualquer decisão terá que ter o aval da presidente, mas ela tem se mantido afastada do futebol e seus problemas com a defesa de que o vice de futebol, Paulo Cesar Coutinho, e Zinho estão nos cargos justamente para isso. Uma certeza de Patricia é a mesma que ilustra o momento: Joel vai cair, só não se sabe quando.
Dunga, de fato, é um nome que ganhou força no clube nos últimos dias. Mas, nesta quarta-feira, tendo a imprensa, redes sociais, entre outras manifestações no mundo real e virtual, como termômetro, alguns dirigentes ficaram assustados com o índice de rejeição do ex-técnico da Seleção Brasileira.
E lá está Joel, remando contra mais do que uma maré, mas sim um maremoto de questionamentos. Dirigentes de todos os escalões evitam ataques públicos, porém detonam o treinador pelos corredores da Gávea e em conversas informais. Ultrapassado, limitado e perdido são alguns dos adjetivos mais “elogiosos”.
- Joel foi um erro. Foi um grave erro do Flamengo – resumiu um deles.
Sereno, Zinho evita maiores ataques, mas tem a noção exata da necessidade da troca de comando. Em sua avaliação, o dirigente sabe que a situação de Joel é insustentável, dentro e fora do Ninho do Urubu. Sempre favorável ao diálogo, foi ele quem evitou a demissão de Joel antes do jogo contra o Coritiba, pela quarta rodada. Agora, reconhece que a corda esticou demais.
Dunga, de fato, é um nome que ganhou força no clube nos últimos dias. Mas, nesta quarta-feira, tendo a imprensa, redes sociais, entre outras manifestações no mundo real e virtual, como termômetro, alguns dirigentes ficaram assustados com o índice de rejeição do ex-técnico da Seleção Brasileira.
E lá está Joel, remando contra mais do que uma maré, mas sim um maremoto de questionamentos. Dirigentes de todos os escalões evitam ataques públicos, porém detonam o treinador pelos corredores da Gávea e em conversas informais. Ultrapassado, limitado e perdido são alguns dos adjetivos mais “elogiosos”.
- Joel foi um erro. Foi um grave erro do Flamengo – resumiu um deles.
Sereno, Zinho evita maiores ataques, mas tem a noção exata da necessidade da troca de comando. Em sua avaliação, o dirigente sabe que a situação de Joel é insustentável, dentro e fora do Ninho do Urubu. Sempre favorável ao diálogo, foi ele quem evitou a demissão de Joel antes do jogo contra o Coritiba, pela quarta rodada. Agora, reconhece que a corda esticou demais.
A entrevista concedida por Zinho na tarde da última terça em nada confortou o treinador. O dirigente deixou claro que Joel, naquele dia, não seria demitido. Minutos antes, em conversa de mais de uma hora com jogadores e membros da comissão técnica, o diretor também não garantiu a manutenção do técnico no cargo. Fez só uma promessa:
- Zinho olhou para cada um de nós e disse: eu sou o diretor. Enquanto eu estiver aqui, o Joel ou qualquer outro técnico que for demitido vai ouvir isso da minha boca e não pela imprensa – contou um dos participantes da reunião.
E Joel, contrariado, irritado e magoado com a forma como o processo está sendo conduzido, comandou dois treinos nesta quarta-feira. Fritado em fogo alto, ele tenta treinar o time, mesmo ciente de que a qualquer momento ouvirá da boca de Zinho que será ex-técnico do Flamengo.
- Está difícil. Nem Jesus salva – disse um influente conselheiro do clube.
Um outro dirigente decretou:
Um outro dirigente decretou:
- Não vai demorar muito a acontecer.
Pessoas próximas a Joel contam que ele encara a conduta da diretoria como uma forma de induzir um pedido demissão, algo que o treinador sequer pensou em fazer.
Pessoas próximas a Joel contam que ele encara a conduta da diretoria como uma forma de induzir um pedido demissão, algo que o treinador sequer pensou em fazer.
- O Joel sabe que quando os resultados não aparecem não tem jeito, a culpa é do treinador. É ir embora e daqui a pouco assumir outro clube. Mas a gente sabe que dirigentes querem forçar a saída dele do clube porque seria mais uma multa para pagar (a de Luxemburgo ficou em R$ 4 milhões).
Joel tem contrato até dezembro e, com a demissão, o clube terá que pagar multa de aproximadamente R$ 1,4 milhão.
Processo de fritura lembra o de Luxemburgo
Processo de fritura lembra o de Luxemburgo
Foi mais intensa, envolveu personagens mais pomposos, mas a forma como Vanderlei Luxemburgo foi demitido do Flamengo pode ser comparada com o que vive Joel. Luxa também sabia que deixaria o clube bem antes de ser comunicado. O treinador entrou na frigideira na pré-temporada, quando iniciou a guerra fria com Ronaldinho Gaúcho por tentar combater as indisciplinas do ex-camisa 10. Sem qualquer respaldo da presidente Patricia Amorim, o técnico entrou em processo de fritura. Enfraquecido, perdeu o cabo de guerra com o astro do time e viu sua permanência no comando do Rubro-Negro tornar-se cada vez mais difícil.
Ronaldinho e Assis, irmão e empresário do jogador, receberam a garantia da presidente de que o treinador não continuaria no cargo. Ao atacante, a mandatária assegurou que ele seria demitido após os dois jogos contra o Real Potosí, pela pré-Libertadores. O aviso foi dado em forma de ligação, no dia 15 de janeiro, antes do amistoso contra o Corinthians, em Londrina, enquanto o atacante se preparava para deixar o ônibus que levaria a delegação ao Estádio do Café.
O segundo aviso aconteceu dias depois, pouco antes da partida de volta contra os bolivianos, no Rio. Enquanto estava concentrado no hotel Windsor, Ronaldinho atendeu a três ligações de Patricia Amorim durante a tarde. Em todas, a presidente ratificou que o jogador poderia ficar tranquilo porque Luxa sairia e Joel Santana o substituiria. Na concentração, a informação da troca de treinador estava disseminada. O próprio Vanderlei Luxemburgo sabia, assim como seus auxiliares.
No trajeto entre o hotel e o Engenhão, a presidente foi informada por telefone que a informação fora publicada no GLOBOESPORTE.COM. E temeu que a emenda complicasse o soneto. A solução emergencial foi desmentir a demissão - mesmo sabendo que a situação do treinador era insustentável. O Flamengo venceu por 2 a 0, avançou à fase de grupos, mas não havia como voltar atrás. Luxa foi comunicado sobre a demissão no dia seguinte. Na última entrevista coletiva como técnico do Flamengo, Vanderlei constatou:
- Em 50 anos de futebol nunca vi isso. Foi o processo mais feio que já vivi. Fritura mesmo.
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