Em alta no Galo, Ronaldinho vai reencontrar o Fla ainda em crise
O Flamengo começa a semana com uma crise para estancar e um reencontro marcado. Dois meses depois de acionar o clube na Justiça, cobrar R$ 40 milhões e sair pela porta dos fundos, Ronaldinho Gaúcho vai voltar ao Rio pelo Atlético-MG para enfrentar seu ex-time. O jogo será no sábado, às 18h30m, pela 14ª rodada do Brasileirão. Os torcedores rubro-negros vão experimentar a sensação que gremistas tiveram em 2011, quando o meia-atacante pisou no gramado do estádio Olímpico pela primeira vez depois de ter escolhido jogar no Flamengo e não voltar à equipe que o revelou. No Engenhão, o jogador vai rever uma torcida que tão bem o tratou durante quase todo o relacionamento de um ano e quatro meses, mas que ficou muito magoada e frustrada com ele. A ferida está aberta.
Membros de torcidas organizadas começam a se mobilizar para ir ao aeroporto no desembarque da delegação do Galo. Faixas com mensagens de protesto serão preparadas. Tudo para que Ronaldinho não fique à vontade naquela que já foi a casa dele. A frase “Bem-vindo R10” do mosaico preparado para a estreia do astro, em fevereiro do ano passado, hoje não passa de uma vaga lembrança.
Ronaldinho volta ao Rio em alta e como líder do Brasileirão. O Galo vive boa fase e faz ótima campanha. Tem 32 pontos, o dobro da pontuação rubro-negra. Até aqui, dez vitórias, dois empates e uma derrota. O ataque do time mineiro é o mais positivo da competição com 25 gols, quatro deles do ex-R10. Em Belo Horizonte, ele é o R49. A roda gigante não girou para o Flamengo. O clube continua em crise, a diretoria acumula fracassos na tentativa de contratar reforços de peso, e o desempenho no Brasileiro é ruim - está apenas na 11ª posição. Dorival Júnior acaba de chegar para tentar resolver os intermináveis problemas. Um deles é a contratação de um meia. Deixada por Ronaldinho, a camisa 10 continua sem dono.
O retorno ao Olímpico foi um daqueles episódios que não se repetem. No dia 30 de outubro do ano passado, o craque do Flamengo provou toda a ira de uma torcida que se sentiu traída, perdoou e voltou a se envenenar por aquilo que considerou nova facada no distintivo. Se a saída do jogador para o Paris Saint-Germain, no início da década passada, machucou, a ida ao Rio, em 2011, doeu ainda mais. Toda a decepção explodiu em vaias, ofensas, críticas. E em vitória sobre o desafeto. O Grêmio venceu o Rubro-Negro por 4 a 2. Ao comentar a recepção, desdenhou.
- Se comparar com a torcida do Flamengo, isso não é muito barulho não - disse em entrevista no gramado logo após o jogo.
- Se comparar com a torcida do Flamengo, isso não é muito barulho não - disse em entrevista no gramado logo após o jogo.
Protestos, esquema especial montado pela polícia e seguranças particulares, tensão e pressão rondavam a delegação do Flamengo para o aguardado reencontro. Nas duas semanas que antecederam o jogo contra o Grêmio, a torcida já demonstrava a recepção destinada a Ronaldinho em Porto Alegre, com a confecção de réplicas de nota de R$ 100 com o rosto do jogador e a inscrição “sem valor”, milhares de faixas de pilantra, uma grande bandeira representando a ceia de Jesus Cristo e com Ronaldinho na posição de Judas, entre outras hostilidades. Tudo isso foi parar dentro do Olímpico. No deslocamento de ônibus pela capital gaúcha, o jogador viu pichações contra ele como "R10 sujo", "R10 rato" e "Mercenário".
Em 1º de julho, voltou à capital gaúcha para enfrentar outra vez o Grêmio. As ofensas dos tempos de Flamengo se repetiram, mas desta vez ele venceu. O Galo fez 1 a 0 no Tricolor. Ronaldinho tripudiou.
- Estão todos caladinhos aqui dentro. Todos calados nessa p... - gritou o camisa 49 alvinegro, antes de entrar no vestiário do Galo.
Em 1º de julho, voltou à capital gaúcha para enfrentar outra vez o Grêmio. As ofensas dos tempos de Flamengo se repetiram, mas desta vez ele venceu. O Galo fez 1 a 0 no Tricolor. Ronaldinho tripudiou.
- Estão todos caladinhos aqui dentro. Todos calados nessa p... - gritou o camisa 49 alvinegro, antes de entrar no vestiário do Galo.
Fla x Ronaldinho na Justiça
O meia-atacante cobra do Rubro-Negro uma dívida de R$ 40.177.714,00. No último dia de maio, ele conseguiu a tutela antecipada na 9ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro. A liminar concedida pelo juiz André Luiz Amorim Franco deu fim ao vínculo contratual, que iria até o fim de 2014, e o jogador ficou livre para assinar com outro clube. Quatro dias depois, aparecia uniformizado em um treino do Atlético-MG na Cidade do Galo.
Decepcionada, a presidente Patricia Amorim prometeu ir ao limite para defender os interesses do clube. O departamento jurídico rubro-negro também entrou com ação pedindo uma indenização ao jogador de R$ 40 milhões. O clube alega que o dinheiro é para ressarci-lo do prejuízo que o craque causou com o fracasso de sua passagem. Do valor, R$ 35 milhões seriam por danos morais causados ao Flamengo. Os outros R$ 5 milhões pedidos são pelo fato de o clube não ter conseguido parceiros devido à imagem de Ronaldinho ter sido atrelada a noitadas e farras extracampo. No processo, o clube anexa fotos e outras evidências para tentar provar a falta de profissionalismo do atleta.
O Flamengo cita ainda no processo que o clube só firmou, mesmo sem a ajuda da Traffic - empresa que inicialmente era responsável por parte dos salários do jogador -, novo contrato com Ronaldinho em janeiro deste ano porque ele teria ameaçado não participar da Libertadores.
Contra-ataque: astro cobra mais R$ 15 milhões
Decepcionada, a presidente Patricia Amorim prometeu ir ao limite para defender os interesses do clube. O departamento jurídico rubro-negro também entrou com ação pedindo uma indenização ao jogador de R$ 40 milhões. O clube alega que o dinheiro é para ressarci-lo do prejuízo que o craque causou com o fracasso de sua passagem. Do valor, R$ 35 milhões seriam por danos morais causados ao Flamengo. Os outros R$ 5 milhões pedidos são pelo fato de o clube não ter conseguido parceiros devido à imagem de Ronaldinho ter sido atrelada a noitadas e farras extracampo. No processo, o clube anexa fotos e outras evidências para tentar provar a falta de profissionalismo do atleta.
O Flamengo cita ainda no processo que o clube só firmou, mesmo sem a ajuda da Traffic - empresa que inicialmente era responsável por parte dos salários do jogador -, novo contrato com Ronaldinho em janeiro deste ano porque ele teria ameaçado não participar da Libertadores.
Contra-ataque: astro cobra mais R$ 15 milhões
Além dos R$ 40 milhões que Ronaldinho Gaúcho cobra do Flamengo por não cumprimento do contrato de trabalho e de pagamento de direitos de imagem, o clube terá de responder a outro processo em função dos "ataques à honra" do jogador, conforme explicou o advogado Sérgio Queiroz. A ação por danos morais impetrada pelo atleta cobra R$ 15 milhões em função de episódios como a divulgação pelo departamento jurídico do Flamengo da existência de um suposto exame de sangue que comprovaria a presença de álcool no organismo do jogador, fato que posteriormente foi desmentido pelo próprio departamento médico do clube.
Fora o caso do exame de sangue, foram abordados o vazamento do vídeo da concentração do Flamengo na pré-temporada em Londrina, mostrando Ronaldinho supostamente passando a noite fora do seu quarto, na companhia de uma mulher, e a expressão usada pelo vice-presidente jurídico Rafael de Piro em entrevista coletiva após a rescisão contratual, dizendo que o clube teria um "tiro de canhão" contra o jogador.
Fora o caso do exame de sangue, foram abordados o vazamento do vídeo da concentração do Flamengo na pré-temporada em Londrina, mostrando Ronaldinho supostamente passando a noite fora do seu quarto, na companhia de uma mulher, e a expressão usada pelo vice-presidente jurídico Rafael de Piro em entrevista coletiva após a rescisão contratual, dizendo que o clube teria um "tiro de canhão" contra o jogador.
Reinado curto e conturbado
Foi um reinado curto, quase silencioso, mas incendiário. Um ano e quatro meses de regalias sem fim, de advertências internas que funcionaram mais na teoria do que na prática. Ronaldinho fez o que quis no Flamengo. Sem alarde, sem discussões públicas, travou guerras frias com quem tentou fazer valer a hierarquia rubro-negra. O camisa 10 deixou o clube pela porta dos fundos e com um histórico de indisciplinas quase sempre camufladas pelo departamento de futebol.
Foi um reinado curto, quase silencioso, mas incendiário. Um ano e quatro meses de regalias sem fim, de advertências internas que funcionaram mais na teoria do que na prática. Ronaldinho fez o que quis no Flamengo. Sem alarde, sem discussões públicas, travou guerras frias com quem tentou fazer valer a hierarquia rubro-negra. O camisa 10 deixou o clube pela porta dos fundos e com um histórico de indisciplinas quase sempre camufladas pelo departamento de futebol.
No início, nos primeiros sete meses de 2011, comparecer aos treinamentos não foi problema para R10. Sempre pontual, sempre em campo. Em junho, porém, o noticiário sobre a presença constante do jogador na noite carioca deixou o clube alerta.O período coincidiu com o início dos salários atrasados do jogador. A diretoria recorreu ao irmão e empresário dele, Roberto Assis, para controlar os excessos. Pediram a Ronaldinho que trocasse a diversão pública pelas longas festas privadas na mansão dele na Barra da Tijuca. A polêmica coincidiu com a queda de rendimento do meia-atacante e resultados ruins no Brasileirão.
Foram as atitudes de Ronaldinho que serviram para azedar a relação com Vanderlei Luxemburgo. No ano passado, o técnico ainda tentou tolerar os atrasos e o baixo rendimento nas atividades pela manhã. Na atual temporada, no entanto, Luxa não escondia sua insatisfação com o astro e levou a pior no cabo de guerra.
A falta de compromisso do jogador passou a incomodar até mesmo os atletas mais próximos. O episódio recente mais marcante ocorreu em 16 de maio, às vésperas da estreia do time no Brasileirão. Ronaldinho chegou ao Ninho para o treino da manhã em más condições físicas e pediu para não treinar, segundo membros da comissão técnica. Recém-chegado, o diretor de futebol do clube, Zinho, precisou agir de maneira enérgica.
A falta de compromisso do jogador passou a incomodar até mesmo os atletas mais próximos. O episódio recente mais marcante ocorreu em 16 de maio, às vésperas da estreia do time no Brasileirão. Ronaldinho chegou ao Ninho para o treino da manhã em más condições físicas e pediu para não treinar, segundo membros da comissão técnica. Recém-chegado, o diretor de futebol do clube, Zinho, precisou agir de maneira enérgica.
Ronaldinho marcou 28 gols em 74 jogos com a camisa do Flamengo. Ele chegou ao clube em janeiro de 2011 e conquistou um título carioca. Ganhou inimigos de sobra. Chegou a hora de reencontrá-los.
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