As seguidas confusões na diretoria e os inúmeros insucessos nas tentativas de contratações não atrapalham o Flamengo apenas dentro de campo. As crises que parecem não ter fim nos tumultuados bastidores da Gávea têm arranhado a imagem do clube também no mercado da busca por patrocínios. E com dificuldades cada vez maiores, o rubro-negro já vê o ano de 2012 como “quase perdido” na luta por um parceiro que estampe sua marca na parte frontal do uniforme.
Ainda que tenha cuidado nas palavras ao comentar o caso, o diretor executivo de marketing do clube, Marcus Duarte, sabe que a imagem passada pelo futebol do clube é refletida na hora da negociação com grandes empresas que se distanciam cada vez mais do rubro-negro.
“É complicado comentar este assunto, até porque trabalhamos para que isso não aconteça, mas, infelizmente, é uma questão natural. Um bom posicionamento do futebol na tabela do campeonato, no noticiário, de uma maneira geral influi positivamente nas negociações. Mas isso não está acontecendo. A dificuldade acaba existindo”, admitiu Duarte.
Com uma situação cada vez mais difícil de se buscar um patrocínio para este ano, o cartola revelou que o trabalho do departamento de marketing do Flamengo já é feito visando 2013 e que 2012 é uma temporada quase perdida neste aspecto.
“Conseguimos muitos parceiros secundários, em outros espaços do uniforme, e até mesmo o maior patrocínio pontual de um clube brasileiro com a BFG [R$ 1 milhão pelo Fla x Flu centenário], mas a questão do patrocinador master ficou quase inviável. Encaramos muitos problemas e já estamos planejando 2013. Se conseguirmos algo para 2012, tudo bem, mas não vale mais esse esforço. A prioridade agora é outra”, revelou o diretor executivo de marketing do Flamengo.
Especialista recomenda trabalho com torcida
Especialista no relacionamento entre clube e patrocinador, Bernardo Pontes, que atualmente trabalha na área de marketing do COL (Comitê Organizado Local) da Copa do Mundo de 2014, endossa o discurso da imagem desgastada do rubro-negro e reconhece que o atual momento conturbado acaba afastando possíveis patrocinadores.
“A empresa enxerga isso de longe. A imagem desgastada, a falta de credibilidade e uma gestão conturbada afastam os parceiros”, avaliou o especialista, antes de dar a “receita” para um trabalho diferenciado no marketing do Flamengo.
“Não é fácil falar, mas acredito que o clube, antes de mais nada, deveria conhecer melhor o seu torcedor. São eles as grandes armas para atrair investidores. E o Flamengo, como uma das maiores torcidas, não pode ter um relacionamento tão conturbado com os seus fãs. É preciso uma ativação maior, uma integração melhor. Com isso, a empresa de fora vai enxergar um potencial ainda maior para investir, pois saberá que os torcedores ali ‘consomem’ esse produto. O Flamengo precisa resgatar sua torcida”, indicou Bernardo Pontes.
Fonte de renda comprometida
Outra possível fonte de renda do clube, as bilheterias não conseguem dar o resultado esperado ao clube. Após solução de imbróglio com a BWA (empresa que comercializava antigos ingressos), o Flamengo passou a receber o valor integral das rendas dos jogos em casa. Ainda assim, os públicos tem sido pequenos em função do mau momento da equipe em campo.
Enquanto não resolvem os problemas de patrocínio e, consequentemente, financeiro, o Flamengo sofre com os salários atrasados no departamento de futebol – o mais caro do clube – e na busca por contratações. Com isso, parceiros pontuais e contratações de menor porte ainda são as soluções de um clube que ainda não conseguiu igualar a captação de recursos à sua grandeza.
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