Privatização deve reduzir em 45% o número de jogos no Maracanã
O processo de privatização do Maracanã deve reduzir em 45% o número de jogos realizados anualmente no estádio. Apesar de o governo do Rio de Janeiro exigir das empresas interessadas em assumir a administração do espaço que elas se comprometam em preservar o Maracanã como um “templo mundial do futebol”, a quantidade de partidas que ele deve receber após sua concessão deve ser consideravelmente menor do que a que ele costumava abrigar enquanto esteve sob a gestão estatal.
No edital da licitação da concessão do Maracanã, o governo fixou em 40 o número “ideal” de jogos que devem ser realizadas por ano no estádio. Em 2009, porém, último ano em que o maior estádio do Rio de Janeiro funcionou ininterruptamente, o Maracanã recebeu 72 partidas.
O número leva em conta os jogos do Campeonato Carioca, Copa do Brasil, Copa Sul-Americana e Campeonato Brasileiro realizados no estádio. Em 2009, a seleção brasileira não jogou no Maracanã e nenhum time do Rio disputou a Copa Libertadores da América, fatores que poderiam ter aumentado a quantidade de partidas realizadas no estádio. Mesmo assim, o ele recebeu 32 jogos a mais do que o “ideal”, de acordo com o edital de privatização.
O documento foi divulgado na segunda-feira pelo governo. Ele não estabelece uma quantidade máxima nem mínima de partidas que têm que ocorrer no Maracanã após sua privatização. Estabelece, sim, critérios para a mediação da qualidade do serviço que será prestado pela empresa que assumir o controle do estádio.
Dentre esses critérios, está o número de jogos realizados no estádio durante um ano. Nesse quesito, a concessionária que organizar 40 jogos ou mais, conseguirá nota máxima. Se a empresa realizar 22 partidas ou menos, terá nota zero.
A verificação da qualidade do serviço prestado pela futura concessionária também levará em conta a quantidade de shows promovidos no Maracanã, a conservação do estádio e a satisfação dos seus usuários medida em uma pesquisa de opinião. Esse mesmo tipo de verificação será feita com o Maracanãzinho, que será incluído na privatização.
A empresa que vencer a licitação do Maracanã pagará, no mínimo, R$ 4,5 milhões por ano ao governo do Rio de Janeiro como outorga. Está previsto o pagamento de 34 parcelas anuais pela concessão, o que somado daria R$ 153 milhões.
Além do repasse anual ao Estado, a concessionária será obrigada ainda a investir R$ 594 milhões em reformas no entorno do estádio. Entre as obras previstas estão a demolição do Estádio de Atletismo Célio de Barros e do Parque Aquático Júlio Delamare. Ambos deverão ser reconstruídos como centros de treinamento de atletismo e de esportes aquáticos.
De acordo com o edital, a concessionária terá também o dever de demolir o Presídio Evaristo de Moraes e a Escola Municipal Friedenreich, os quais serão reconstruídos pelo Estado do Rio de Janeiro.
Será realizada no dia 11 de abril a sessão que vai definir a empresa que assumirá controle do estádio e seus anexos. Não poderão participar desta concorrência clubes de futebol, confederações de futebol ou desportivas, clubes de regatas e outras agremiações esportivas, incluindo os principais clubes do Rio de Janeiro.
O Maracanã está em obras para a Copa do Mundo desde 2010. A reforma deveria ter sido concluída em dezembro. Depois de várias mudanças, a conclusão é esperada para maio, um mês antes da Copa das Confederações.
O estádio abrigará partidas da Copa e da Copa das Confederações. As finais de ambos os torneios serão realizadas no estádio. Na Olimpíada de 2016, o Maracanã sediará as cerimônias de abertura e encerramento, além de partidas de futebol.
O governo do Rio de Janeiro ainda não lançou o edital de licitação do Maracanã, mas um represente seu já participou de uma reunião com a IMX, companhia do bilionário Eike Batista, e dirigentes esportivos para discutir o que será feito do complexo esportivo do estádio após sua privatização. O vencedor da licitação administrará o Maracanã por 35 anos. A IMX já declarou que quer assumir o Maracanã. A companhia é parceira da multinacional IMG Worldwide. Formalmente, o consórcio formado pela IMX e a IMG disputará o controle do espaço com qualquer outra empresa que atender requisitos do edital da privatização. Contudo, enquanto o governo prepara esse edital, a IMX participou de uma reunião com gente do próprio governo justamente para falar sobre seus projetos para o Maracanã. Essa reunião foi realizada na tarde de sexta-feira, dia 26, no Parque Aquático Julio Delamare. O parque fica ao lado do estádio
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